quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Área fim ou área meio?

Ao ingressar no mercado de trabalho ou mesmo ao procurar um novo emprego, geralmente um profissional busca ou bons salários, ou uma empresa de renome que valorize seu currículo. E se ambos os casos forem possíveis, melhor ainda.
Mas um questionamento que deve ser feito em complemento a esses dois quesitos e muitas vezes é ignorado, é com relação ao papel que o profissional vai exercer dentro da empresa e as conseqüências - positivas e negativas - que sua decisão pode lhe proporcionar.

Usando a área de TI como exemplo, temos os seguintes cenários:

TI como atividade fim: Profissionais que irão criar soluções para o mercado, vendendo produtos e serviços de software (programas de computador) ou hardware (equipamentos de informática) para outras empresas. Exemplo: Engenheiro de Software que trabalha na IBM.

TI como atividade meio: Profissionais que irão tomar decisões e definir estratégias de implantação de soluções de tecnologia que melhor apóiem o negócio (área fim) da sua empresa. Exemplo: Engenheiro de Software que trabalha na Chevrolet.

Esses 2 “cenários” se enquadram em qualquer ramo; como o publicitário que trabalha no departamento de marketing de uma rede de hospitais e um médico que trabalha no departamento de RH de uma empresa de publicidade (ou seja, ambos exercendo atividades meio), ou por fim um publicitário que trabalha de fato numa empresa de publicidade e um médico que trabalha em um hospital (agora ambos exercendo atividades fim).

Não existe uma opção que seja a mais adequada, pois a decisão vai depender do perfil do profissional, e quais interesses ele tem pra sua carreira, pois ambos os cenários trazem benefícios, que podem ser mesclados com outros quesitos e até servir de diferencial na hora de optar por um emprego ou outro ou até definir que área de conhecimento seguir dentro da sua formação.

A seguir temos as conseqüências, boas e ruins, ao se trabalhar em ambos os cenários:

Profissionais atuando em áreas meio:
Com a forte tendência de terceirização das áreas meio, esses profissionais geralmente ocupam poucos cargos dentro da empresa. Cargos estes que têm muito mais o papel de representar a empresa como cliente e gerir as atividades realizadas por terceiros ou vendidas por fornecedores, traçando estratégias e defendendo os interesses de negócio da empresa, ao invés de colocar a “mão na massa” nas atividades. Portanto, a tendência é de serem profissionais que:

- Atingem cargos de gestão com mais facilidade;
- Têm maiores salários em longo prazo;
- Têm perfil generalista (conhecem vários assuntos, superficialmente);
- Por atuarem em áreas meio, são menos valorizados dentro da empresa, tendo menos poder de influência no planejamento estratégico.
- Têm menos chances de ocupar cargos do alto escalão, pois fazem parte de setores que apenas apoiam o core-business da empresa;
- Têm, no entanto, maiores chances de praticar o networking;
- O salário pode demorar mais a aumentar, mas em longo prazo, é o perfil de profissional que tende a ganhar maior remuneração.

O essencial nesse caso, é que o profissional atue em uma empresa de renome, pois, como terá mais chances de atuar com gestão do que atuar com alguma especialidade, o que irá valorizá-lo no mercado não são os conhecimentos específicos, mas sim a diversidade de desafios que a corporação o impôs. Entretanto, é importante que busque um diferencial, se especializando em alguma área de conhecimento.

Profissionais atuando em áreas fim:
Podemos dizer que estes profissionais são as estrelas. Apesar do status dentro da empresa, geralmente têm um nível de cobrança muito maior que os demais que atuam em áreas meio. No entanto, a remuneração - e eventuais bonificações – também tende a ser maior. E como fazem parte do core business, eles são o coração da empresa. Seus cargos não podem ser ocupados por terceirizados. Portanto, a tendência é de serem profissionais que:

- São valorizados dentro da empresa, o que aumenta as bonificações e sua visibilidade;
- Têm maiores chances para ocupar um cargo do alto escalão, pois são especialistas no que é vendido pela empresa;
- Têm perfil especialista (conhecem profundamente de um determinado assunto);
- Não têm, na maioria dos casos, perfil para assumir cargos de gestão, o que pode ser um limitador em suas carreiras, tendo de atuar sempre na mesma área específica;
- Têm mais chances de se recolocar/encontrar melhores oportunidades no mercado de trabalho.
- O salário pode aumentar de maneira mais rápida, mas a tendência é que a longo prazo tenha remuneração menor do que os com perfil de gestão.

O profissional que atua em área fim, geralmente não precisa focar em qual empresa irá trabalhar, mas sim o que de conhecimento técnico ele poderá agregar dentro da corporação. Pois é isso que o valorizará no mercado. De qualquer forma, se conseguir unir o útil ao agradável, trabalhando na área fim de uma grande empresa, o sucesso é certo.

Concluindo, caso ainda assim haja dúvida; o ideal sempre é buscar primeiramente empresas menores que consequentemente te farão agregar maior conhecimento (pois você terá mais responsabilidades), para depois buscar empresas de renome. Pois se você pode crescer e ganhar títulos maiores em empresas pequenas de maneira mais rápida, por que tentar o caminho mais longo numa grande empresa onde a competição é bem maior?

É claro, os pontos apontados não são uma regra, pois muitos fatores influenciam nesses cenários, como tamanho e cultura da empresa, tendências de mercado, desempenho do profissional, etc. E principalmente, o perfil do profissional, e que tipo de atuação o mesmo vai querer ter: o que diz aonde se deve chegar, ou o que sabe como chegar? O médico da melhor rede de hospitais da cidade, ou o médico da Toyota? Trabalhar com planejamento de projetos de TI variados, ou trabalhar em projetos desenvolvendo sempre a mesma especialidade?

A escolha é nossa – e pode ser crucial!