sexta-feira, 27 de julho de 2012

Tá cheio! Pega esse ou espera o próximo?

Esses dias, enquanto no elevador de um shopping cheio de escadas em Botafogo, parei para refletir como algumas pessoas tendem a ficar sensíveis por estarem em ambientes fechados e cheios. Agoniados todos ficam, mas sempre tem alguém pra desabafar - e só desabafar mesmo, pois esperar um mais vazio ninguém quer.

Nessas situações é batata nos depararmos com alguns fatos...

No Metrô
O transporte mais rápido da cidade é também o mais prático na hora do rush: você não precisa nem caminhar para dentro do vagão quando o metrô para. A muvuca que está atrás de você já faz esse trabalho. Apenas segure sua bolsa ou mochila e veja como é locomover-se sem precisar movimentar as pernas!
Isso se você estiver na Central. Na hora do rush pela manhã, você simplesmente não entra numa estação antes da Central. Olha que maravilha.

Dos que conseguem pular para dentro, outra praticidade: Não perca tempo procurando algo para se segurar. Você não vai ter espaço nem para mexer o dedo mindinho, muito menos para cair quando o maquinista der aqueles trancos pelos quais ele vive pedindo desculpas. No metrô costuma ter também aquela mulher que mesmo sem poder se mexer, faz questão de reclamar de quem quer que esteja bloqueando o braço dela de se segurar no ferro. Tem também aquele desavisado que vai descer mas só deixa pra se preocupar em se aproximar da porta quando o metrô já chegou na estação. Aí ele vê que está do lado de cá do vagão mas o desembarque é pelas portas do lado de lá.

No Trem
Essa empresa investia em campanhas contra o empata-portas
Apesar da foto meramente ilustrativa da estação de Saracuruna, no trem não enche tanto quanto no metrô. Mas fede o triplo, principalmente pelo cheiro de borracha queimada que sobe de algum compartimento daqueles barulhentos embaixo do trem.
Você ainda consegue se segurar em algum lugar, mesmo em meio àqueles barbudos que fazem questão de ficar com o braço aberto, para que o cotovelo deles fique bem na sua cara. No trem, raramente os autofalantes estão funcionando, então dê um jeito de olhar para fora para não perder sua estação. A não ser que você esteja num desses trens novos com uma locutora americana tentando falar português: "Prôcsima estassáo Engenro de Dent Ro".
No trem sempre tem uma atração: quando não é o ambulante vendendo barbeador, sorvete, doces, cervejas, batedeira elétrica ou vassouras, tem alguns fanáticos berrando no seu ouvido às 7 da manhã falando que Cristo é a salvação. Tem gente que prefere se salvar descendo na primeira estação e pegando outro trem, onde provavelmente vão se deparar com o terceiro caso, que é o do trem com o pessoal ouvindo ou pagode de homem traído, ou música gospel em seus radinhos que à 2 metros de distância só da pra ouvir pxxxxsstichhh – nada contra estes dois gostos musicais, apenas quanto ao ato de deixar o som alto ligado em ambiente fechado, independente do ritmo da música ou do tom da voz.

No Ônibus
No ônibus é mais "tranquilo" porque não tem empurra-empurra como no metrô. Em compensação, se meia-dúzia de sem educação parar logo após a roleta, ninguém passa pro fundão do ônibus, e o espaço é muito mal aproveitado.

460 - Leblon. Fonte: movimentopoliticodebrasilia.blogspot.com

Aí é fácil ver aqueles que começam a cochilar justamente quando sobe um idoso, ou quando veem que alguém de mochila está chegando. Segurar mochila de quem está em pé, pra muita gente, é um terror! Talvez seja quase igual a ter que levantar para ceder o lugar. Aí você é obrigado a ficar segurando a sua mochila, e ainda ouvir comentários daquele coroa com jeitão de esclarecido falando sobre a falta de educação das pessoas que estão de mochila dentro de um ônibus lotados daquele. Aí a resposta dos quizumbeiros já é padrão: "não gostou, pega um táxi meu senhor!". No ônibus tem aquela mesma turma do trem que gosta de andar ouvindo seu radinho que só sai pxxxsitxttixss.
Deve ser porque eles precisam pegar a integração ônibus-trem para chegar onde moram. Tem gente também que gosta de reclamar com o motorista: se ele está devagar, mandam acelerar. E se ele acelera, ficam cochichando que os motoristas não recebem treinamento. Outra coisa feia e de extremo egoísmo são os que reclamam quando o motorista para no ponto quando o ônibus está cheio. Como se quem tivesse feito o sinal pudesse abrir mão daquele transporte, naquele momento.

Vou ficar devendo a situação das barcas. Se alguém de Nikiti ou alguém que trabalhe por lá queira dar seu depoimento, fique a vontade.

Já que não vou falar da barca, para compensar, vou falar do elevador. Que aliás foi o grande motivador desse texto.
Para alguns usuários de elevador, os que são do primeiro ou do segundo andar têm que se danar e descer de escada. Ora bolas, se o elevador para no primeiro e no segundo, por que o pobre do cara que já trabalhou o dia inteiro não pode utilizá-lo?
Tem também a galera que pega o elevador que sobe pra não correr o risco de quando ele voltar descendo, não encontrá-lo lotado. Senão a galera dos andares superiores já tomou todo o espaço quando o elevador passar descendo nos andares inferiores. O cara do último andar, todo prosa, não deve entender muito bem de onde surge tanta gente. Mas beleza, faz parte.
Outra coisa é o pessoal que entra no elevador e gosta de ficar na porta. E se você pede licença para entrar ela reclama de "que esse pessoal não tem educação, que veem que está cheio e entram assim mesmo". Aí você é obrigado a responder que infelizmente não lançaram elevadores individuais no condomínio.
No caso do shopping de Botafogo, eu entrei de mochila no último espaço vago, e o senhor atrás de mim na fila fez questão de entrar também, me empurrando, se dando o direito de empurrar minha mochila, chupar bala e depois ainda reclamar da pobre coitada da mochila, que, se não estivesse nas minhas costas, não estaria em lugar nenhum, pois não tinha mais espaço - a não ser que eu ficasse de braços estendidos para o alto como se ela fosse um troféu, ou, sei lá, o Simba.

Soluções!!
Um sistema de elevadores mais inteligente pode resolver este último caso. Separando os elevadores que vão para os andares superiores dos que vão aos inferiores.

No metrô, existe um esforço em algumas estações, onde fiscais ficam espalhados pela plataforma, posicionados na direção de abertura de cada porta, organizando e facilitando embarque e desembarque.

Nos trens eu não vejo muita coisa além dos vagões de exclusividade para mulheres, cheio de guardinhas pra expulsá-lo se você entrar indevidamente. Mês passado mesmo fui expulso de um às 08:56. Ele disse que eu teria de sair do vagão, pois ainda não eram 9h. De fato, ele está certo. Só não sei se essa história toda que motivou a implantação do vagão feminino é o que podemos chamar de “bom senso” (...)

No ônibus, muita gente cobra o motorista pra que ele cumpra com os limites de passageiros escritos naqueles papeizinhos estrelados pelo Bonequinho Viu: 40 e tantos sentados e 30 e poucos em pé. Mas se essa regra for cumprida na prática, muita gente acaba ficando literalmente na pista. Pois a quantidade de ônibus nas horas de rush ainda é insuficiente pra atender tanta demanda.

De qualquer forma, todas as soluções acima são paliativas. As definitivas (e ao meu ver prioritárias), na verdade, são "simples":

1) Melhor distribuição dos espaços urbanos: por que não movimentar empresas do Centro para as Zona Norte e Oeste (ignoremos a Barra)? A grande massa vem de lá, ou de depois de lá, e quem tem despesas com o transporte que tanto faz a população perder tempo é a própria empresa!)

2) Investimento em infraestrutura de trânsito e transporte público, sem deixar de atentar para a preservação do nosso cenário urbano.

2097: Linha Amarela sentido Barra às 6 da manhã de segunda-feira - Fonte: coletivoverde.com.br

E enquanto esse sonho não se realiza, o que você pensa sobre esses casos inusitados?

- O motorista de um ônibus já lotado deve parar nos pontos, ou deve ignorar os passageiros de bairros "de passagem"?
- Vagões femininos nos trens e no metrô é uma medida justa?
- Pegar o elevador que sobe pra garantir lugar na descida pode ser considerado falta de educação?
- E o cara do primeiro andar, te perturba muito quando você vem direto lá do 15º e tem que parar justamente no 1º para ele entrar?
- E o povo das barcas? Algum outro registro?

Por enquanto ficamos com isso mesmo! Fonte: blogdofavre.ig.com.br

Abraço!!

3 comentários:

  1. Gabriel (repare no vocativo), seus textos estão cada vez melhores!

    Eu quero compartilhar a situação das barcas. Quando me matriculo em matérias no turno da noite, sou obrigada a pegar a barca sentido Niterói por volta das 17h. Sabidamente, este é o mesmo horário de encerramento de expediente em muitas empresas e, devido à quantidade de clientes, as filas são quilométricas.

    Existe todo um processo: Primeiro você perde uns dez ou quinze minutos (quando o serviço não está com problemas) na fila para poder passar na roleta. Depois disso, aguarda mais quinze ou vinte minutos apertado dentro da estação ou nas plataformas, até conseguir ingressar em uma embarcação.

    Nesse horário, ainda são disponibilizadas as barcas tradicionais (eufemismo para barcas velhas e lentas), que demoram tanto tempo apenas para fazer a manobra que nos induzem a pensar se valeria a pena atravessar a baía a nado, ainda que chegássemos ao outro lado com 5 olhos ou três braços, por culpa da qualidade da água.

    São muito comuns as cenas de pessoas correndo desesperadamente pela praça XV, na honrosa tentativa de conseguir um lugarzinho. Vale dizer ainda que a frase mais temida pelos usuários é - em entonação de aeromoça usuária de Valium - "Roletas travadas, roletas travadas para sua segurança. Próxima saída com destino à Niterói às (...)".

    E depois das 20h, ninguém cega rápido. Os catamarãs sociais param de funcionar e você é obrigado a pegar a barquinha velha e lenta mais uma vez...

    Quanto aos demais meios de transporte, não gosto de nenhum, mas tenho o ônibus como última opção porque o trânsito me irrita mais do que todos os vendedores de "molecapicolémoleca" juntos. Fruta no palito as vezes é bom =)

    beijos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado pelo elogio Thalita! Ontem fui reler e encontrei vários pontos de revisão. Faz parte né. Meu linguajar não fica xiq como o seu, mas é pra atrair a classe C, rsrsrs.

      Valeu pelo depoimento. Quem sabe até 2030 não criem minha tão sonhada mochila voadora recarregável, com 2 horas de autonomia?

      Beijão!

      Excluir
    2. Nada disso, você escreve muito bem :)
      Em 2030, espero usar o teletransporte. Viva a nano-matéria!

      Excluir

quero comentar!